não convém
lembro de estar assistindo a algum caso criminal no investigação discovery, e então chegar àqueles momentos finais dos familiares dizerem o que pensam, o que sentiram com a fatalidade de não sei quem. daí a véia tinha perdido a filha, alguma coisa assim, que a casa dela tinha sido invadida e que, infelizmente, a garota morreu. nisso, disse que, antes da tragédia, via passar na tv os crimes, os assassinatos, e acabava por pensar de forma despretensiosa coisas mais ou menos nessa mesma linha: "isso não aconteceria comigo ou com qualquer um que eu conheça. essas desgraças acontecem com os outros." e, quase como se estivesse pagando com a língua, ela futuramente se juntou aos "outros", já que, obviamente, nunca esteve imune a acontecimentos deste calibre. pra mim ela é "os outros" — e é assustador. essa linha que vive despreocupada com as brutalidades alheias me faz ter despreocupação com brutalidades que poderiam, sim, acontecer comigo, com qualquer um que eu...