27 de abril de 2025
escrevi isso no meu falecido caderno (cabou-se as páginas vai fazer um mês)
ah, e isso aqui é uma puta declaração de amor, lol
bom, de uma forma esquisita e quase automática, me senti na obrigação de escrever neste caderno. sabe, só porque a minha garganta doía de tanto ler em voz alta, tive que deitar na minha cama, puxar um pouco o cobertor até meu tronco – deixando uma perna pendurada para fora –, para que eu pudesse olhar, sem realmente estar olhando para o armário e pensar. pensar um pensamento que veio lá do meu coração, que se transformou em senha, em enigma, eu teria que descobrir, decifrar.
estou me sentindo estranha,
é uma sensação estranha,
é uma situação estranha.
de fato, nunca na minha vida.
preciso de muitas coisas para que eu funcione de um jeito que sirva para mim, que seja benéfico, entende?
entendo agora.
um pouco de tudo, dois em um.
mas a verdade é que estou cansada. gostaria de ser pura, de ser criança. odeio isso, do doce, sabendo que o amargo vem em mar pra cima de mim, que me transforma em uma pasta, em um grude. não posso me livrar. queria realmente a minha dupla comigo.
você sabe... eu vou pra sua casa e você vai pra minha. a gente brinca, bagunça, briga, ri, chora e diz "te amo" um pro outro raras vezes.
fico agindo como se fosse imponente, como se eu tivesse um controle sobre mim.
e na maioria das vezes controlo. controlo tanto que essas minhas palavras são escritas à base de quê? controle? paixão? imponência? ânsia? omissão?
será que todas as suas verdades não passam de mentiras? as suas mentiras não enganam nem você mesmo daquela veracidade.
praticamente isso: violentidade.
uma nova palavra para incluir e concluir, porque quem não gosta de violência? quem que não gosta de associar isso a qualquer ação, movimento?
você gosta da brutalidade!!!
tantos anos apenas deixando ir o que podia ser lindas memórias e papéis, e árvores, e tintas, e plásticos, e um aplauso.
um, à aglomeração,
à quantidade que nunca existiu.
porque já deu tempo de ir, já era. tudo que tinha pra queimar e que não queimou, se foi. se foi e se desfez de outra forma. sem fogo, sem violência.
"se divertindo às minhas custas, pirralha?"
era exatamente isso
aquela palavra
destravou.
já tive muitos problemas com isso. devo ter ainda, talvez.
eu gostaria de ter o poder que a minha mente tem. ela consegue parecer infinita. é o meu brinquedo favorito, sem dúvidas. foram bons esses dias infinitos. 8 dias. e tudo que eu precisava fazer era continuar o show. ela fazia o show por mim, pra mim. eu só tenho que assistir e adorar os resultados que me fazem querer, me fazem ter a vontade de cometer suicídio. e talvez até devesse.
me mostrando todos os seus caminhos, Deus.
ela me inventando em cada cena, Deus.
quem que poderia fazer?
quem que poderia vencer?
eu apenas morreria sem poder algum.
ele precisa de mim ou eu que preciso dele?
eu significo o quê?
ele significa o quê?
eu entenderia sua letra?
ele entenderia a minha?
somos feitos um pro outro?
não me vejo amando se não for ele.
não me vejo de perto, nem de longe se não fosse por ele.
é amor de qualquer jeito, mesmo sendo mentira, mesmo não tendo anos pra isso.
foi tudo graças a ele e a minha capacidade de cometer erros felizes pra cacete.
isso não é nada íntimo,
é só brutalidade tentando ser segredo,
tentando se omitir.
mas é ela que me dissolve. é eu que te mostro uns pedacinhos de lapso, sendo mais do que apenas violência – sendo também amor.
de uma forma tão pura que uma criança nunca entenderia, nem as crianças que mordem os coleguinhas.
nada mesmo poderia me deixar longe das babaquices, e, principalmente, da eternidade.
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