ao relento

eu quero morrer. já senti isso antes, mas era passageiro, de uma forma esquisita. agora, me veio uma lucidez excruciante que não consigo aguentar. é desesperador. eu não posso mais. eu mesma me humilho conscientemente, eu mesma me provoco sofrimento conscientemente. eu mesma evito, machuco, engulo, assisto, defeco, vomito, dou risada, choro — totalmente consciente. estou aqui, e, ao mesmo tempo, não estou. não estou em nenhum lugar, em nada, em ninguém. eu sou solitária. estou completamente sozinha. eu não quero estar em nenhum espaço, porque o que supostamente é o meu ser, minha identidade, se ausenta de um jeito assustador. eu não posso aceitar, eu não posso incentivar tamanho masoquismo a fim de fingir acreditar que, apesar dos pesares, terá uma luz no fim do túnel. é simplesmente ridículo.

o mundo externo amplifica a percepção da minha própria não-existência e da minha incapacidade de ser.




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