síncope
vi a cara da mulher umas veizinhas só, e, mesmo assim, ela enrolou.
enrolou mais do que eu, enrolou mais do que o processo, dos que os dentes da frente...e não é sobre isso. não mesmo.
é sobre as pulsações.
eu não tinha percebido o quão fortes poderiam se tornar a partir do momento em que notei o latejar.
gostaria de ter ficado no natal.
naquele natal.
pensei essa mesma coisa em 2023.
e pensei nisso, de novo, em 2025.
teria sido melhor se não tivéssemos tentado nos prolongar tanto em todos aqueles discursos, em que, absolutamente ninguém, prestava atenção.
teria sido melhor se eu não tivesse dado chance alguma. um sacrifício? sim, mas, em troca, ganharia muita LEVEZA na alma, no corpo, na realidade.
queria eu poder enganar desse jeito.
entretanto, não consigo nem ao menos colocar os meus pensamentos mais honestos aqui nesse bloco de notas, em que, ABSOLUTAMENTE NINGUÉM vê.
ninguém vê, é verdade.
é exatamente sobre isso, não?
eu sei que você está aí, pulsando.
eu sei do seu "tchau", do seu "oi".
não entendi bem o que aconteceu e também não sei se gostei do que rolou. acho que não gostei, não foi tão satisfatório.
penso nisso agora, de não ser satisfatório, mas qualquer coisa que não seja o presente já é satisfatório.
a pós cirurgia, o passado inocente.
o início, o esperado e aliviante fim.
é exatamente sobre isso.
é tudo SÓ, APENAS sobre isso.
e é uma falta de vergonha, uma falta do que fazer.
eu não dou a mínima.
poucos fragmentos — não.
o que eu tinha pensando?
vamos recapitular:
bola de neve. vermes. pedaços fumegantes de lodo, de vermes.
pedaços fumegantes de vermes, uma ilha.
rosa e vermelho. vermelho e rosa.
eu sofri um profundo trauma, e eu não preciso me curar.
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