se era até o desvanecimento, então, você desvanesceu.
acho que já fui melhor, infelizmente.
tipo, a minha tristeza é válida? ou eu só acho que é nobre porque passo pelo que passo, e que assim, passando, não cheguei a conhecer quem passe, quem tenha passado por uma situação parecida com a minha? e que se for desse jeito, então, se eu tivesse sido outro alguém — o que claramente não teria nada de a ver comigo —, visse um semelhante à pessoa que sou, e que ela sofresse desses mesmos atos também, seria válido igual? seria? pois, veja que quem estivesse aqui obviamente agiria de forma diferente conforme a sua personalidade, e que se nasce um ser distinto do que se tem presente hoje, então... será que aconteceria do mesmo jeito? seria inevitável? é nobre pensar sobre o que poderia ter ocorrido se as coisas tivessem sido diferentes, nem que seja apenas um pouquinho? ah... mas o que adiantaria, afinal.
enfim, o que quero dizer nessa hipótese é que, apesar das possíveis diferenças, o serzinho fantasioso sofreria desse tal fruto inexoravelmente. sofrendo, estaria num posto que nunca foi meu, já que nunca cheguei a existir; nunca cheguei a obter a voz necessária para poder dizer o quanto sou inexistente. aí, se sofrem do que sofro, o meu sofrimento não vale de nada, já que qualquer um poderia sofrer assim, desse jeitinho. bastaria nascer e crescer nessas tais circustâncias.
hum, lendo assim, posso estar exagerando. fui estúpida. não estou validando os meus sentimentos, estou sendo uma sofredora ruim, porque eu deveria ser mais grata, deveria parar de pensar tantas asneiras, e que, não confio na dor, não confio em ninguém, e então, quer dizer que eu só posso ser uma esquizofrênica!
foi isso que a minha psicológa disse, que se não consigo confiar em ninguém, então sou esquizofrênica. vaca. aquilo me irritou, mas de uma forma não como sentir raiva em si, mas como o aborrecimento que veio daquela quase-certeza de que realmente não há confiança em nenhum lugar, em nenhum canto, buraco, cu, que seja. "aqui você pode e deve ser autêntica", daí a abençoada me lança aquela cara irónica, porém séria, de quem não crê no que acabou de escutar. mas eu creio, viu?
a nordestina arretada deve se achar o máximo (só que não). depois daquela sessão que tive na quarta, a minha vontade foi de começar a treinar a toxidade que eu deveria ter tido há tempos com os outros, com ela.
aff, eu não queria começar a falar dela, esse blog é meu, deve ser sobre mim... mas como o meu sofrimento, tudo que veio em mim, de mim, foi por causa de alguém, acaba que pensar nisso me dá revertérios — revertérios sem conclusões.
é válido sequer ter um corpo? é válido usar o corpo que se tem? é válido polir, consertar, quebrar, manusear, comer, cuspir, etc, o corpo que se tem? é válido chorar as pintanguinhas enquanto o outro, o cachorro, a formiga, chora pois não tem? é válido o não-chorar de um corpo que não possuo? se os MEUS pensamentos são sobre outra coisa ao invés do meu umbigo, então continua sendo sobre mim, não? sou eu que estou pensando, a minha opinião, o abrupto do MEU pensamento que irá, sem dúvidas alguma, brotar. brotado, nada mais a se fazer além de pensar, como um paradoxo, sobre o pensamento sem fachadas, sem máscaras (eu acho). ele seria a única coisa real que faria parte juntamente do "rubro artelho" — da gelatina, do sobre-tudo humanoíde com suas peles, limitações — cheio de mecanismos? AH, NÃO SEI, NÃO SEI...
gosto de romantizar sobre o dia em que não serei má nem boa. ruim nem dócil. serei a nobreza mais pura, serei o errado por inteiro, o errado mais certo; o certo mais distorcido. sendo essa coisa que não sou, não vira. sendo a fantasia — não viveria. me sinto estufada e reprimida, me sinto vulnerável e intocável.
a boa do momento é não sentir dor de cabeça, não sentir fome. o desconfortável é sentir o contrário disso, o desconfortável é pensar nas máquinas, nos roedores dentro de mim. o que posso dizer? já fui melhor.
você pensa em mim tanto quanto eu penso em você? eu acho que não, giovana. acho que você nunca pensou em mim do jeito que eu penso em você. você nunca foi. nunca fui também. o que dizer? o quê?
antes, acho que pensava só sobre o meu corpo. agora, penso no seu corpo também, no calor que ele deve ter. e isso é horrível, eu gostaria de nunca mais ter que lembrar. se passaram meses. meses e o ano acaba rápido, mas eu não. na verdade, sinto como se estivesse cada vez parando mais e mais. o problema é que não posso parar, cresço. o problema é que paro onde não devia. paro e vou indo. estranho... se parada ainda continuo — onde é que estou?
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