instante-já?

transcrevi do meu caderno e formatei.

terminei 4 cadernos esse ano, e pretendo terminar com mais um. ah, e "esse mais um" foi onde escrevi esse texto — que tá mais pra prosa se pá.


Eu não consigo nem dormir mais, mesmo estando com sono.

Eu não consigo nem viver mais... o momento, sabe?

Só consigo ficar pensando e pensando; lembrando e lembrando.

Só me causa enxaquecas, fome e tristezas.

É realmente um acúmulo de som.

De tudo o que naturalmente faz barulho, você querendo ou não.

De tudo o que se move de forma tão estrondosa pelos ares ou pelo chão.

De tudo o que fala, e que, se não fala, grita.

Grita pra sempre.


O som do refluxo que vem por dentro, de toda a feiúra guardada.


Feiúra guardada e exposta.

Quando exposta, ignorada.

O ignorar é o acúmulo da mais refinada importância que se cultiva aqui, em algum lugar, provavelmente.


Se pudéssemos nos atrair com esta mesma intensidade, tenho certeza de que já não seríamos mais humanos.

Não seríamos mais animais.

Não pensaríamos.

Apenas nos colocaríamos numa atração a ponto de

se juntar.

de partir.


Não, não... Isso não faz sentido nenhum.


Faz tanto tempo.

Quanto mais longe fico, mais perto estou.


Vejo que o momento, o pós-momento está ainda tudo certo.

Ainda fresco.


E então se passa uma, duas semanas.

Um, dois meses.


Começa o desespero do tempo que foi e não volta mais.

Não volta porque morreu?

Ou porque, nessa linha extensa, fina, elástica — num só estralo — o que era comprido se comprimiu no agora?


E será isso?

Apenas isto que me restará?


Digo que sou o que estou,

mas sou tudo a todo tempo.


E se sou o todo das frações de segundos,

sejam os que passaram ou os que virão,

devo então não existir nunca.

Jamais.

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