ibuprofeno
eu gosto de imaginar que tem etzinhos querendo sair de dentro da minha cabeça, e é por isso que dói tanto. eu também gosto de pensar que o meu pai não me fez chorar hoje perguntando o que tanto eu sinto pra eu ter que começar a ir a psicóloga na quarta que vem. e, caramba, que vontade de vomitar.
eu gosto de pensar que quando o vômito vem na maciotinha assim, é porque temos que aceitá-lo. aceitar o alívio, deixar que a barreira se quebre e tudo se inunde.
meu pai começou a explicar que na sociedade as pessoas precisam ser funcionais, que é assim que funciona o mundo, que eu não posso ser a pior senão serei um ser desprezível, um ser disfuncional e que, assim, ninguém vai querer ficar perto de mim. e o legal é que era pra me consolar, ou sei lá, acho que ele não entendeu nada do que eu falei. ainda bem, seria um saco ter que explicar a explicação dos meus sentimentos e o por quê me afligem tanto. se eu tivesse contado, seria como no meu outro post, "e o galo carijó", no final, eu vomitando os meus instintos misturados com o que acho que sou e então nada mais fez sentido, né. seria engraçado eu dizendo aquelas coisas pra ele, certamente acharia que é uma piada, falta do que fazer.
a verdade é que também acho uma piada, uma piadinha amarga, mas, uma piada. o tanto de palavras e os seus significados, sinônimos, antônimos, não dão nem 50% do que quero expressar. deve ser por essas e outras que eu e um montão de gente não para de escrever — não porque precisa acabar, mas porque nunca é o suficiente. mesmo os seus livros tendo 500 páginas pra mais, não seria o suficiente, a sua história ou estória está incompleta. daí, quem sabe um dia, haverá um jeito de completar. tenho certeza que se houvesse um jeito, não seria por palavras, não mesmo.
tanto, tanto, tanto...
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