gelatina de colágeno

senti esses sentimentos crescendo desde ontem, eu acho. sentimentos ruins, que agora parecem ter se transformado quase que num piripaque chulo — mas forte. sinto meu corpo molenga por fora e rígido por dentro.

comecei a pensar no meu comportamento ao decorrer dos meses, e nas minhas ações, nas minhas contradições, nas minhas aventuras de merda, e não consigo relaxar, não dá. eu não quero me encontrar com ninguém, não quero apresentar nada, nenhum seminário... não tenho nem comido direito, nem bebido água, nem colocado a quantidade certa de creme no cabelo. estou me sentindo um graveto de tão fraca, tipo, porque o bosta daquele menino folgado adora fazer as suas brincadeiras estúpidas: empurrar, chutar, dar soquinhos. ah, vai se foder, cara sem noção, olha o tamanho dele comparado a mim. daí eu reclamo (COM TODA A RAZÃO) e ele ainda tem a pachorra de achar ruim kkkkkk.
eu já não aguento mais homem folgado, principalmente esses moleques de merda que estão no auge da puberdade e não conseguem parar quietos, não conseguem fazer uma piada decente, não conseguem respeitar ninguém além da cabeça do pau deles. eu tento não ser misândrica, mas esses putos, a cada dia que passa, só me estressam mais.

eu sei que, no fim, estamos no mesmo barco, só que... não estamos, né? eu é que não quero ficar no mesmo barco que eles. eu é que não quero ser comparada com um homem, não mesmo. se eu não fosse magra e fraca, se pá já teria surrado uns aí, porque vontade e filhos da puta é o que não falta.

ok, me dispersei. pra ser mais justa e mais misantropa do que misândrica, vou dizer que tem umas que eu adoraria socar! fiz uma lista esses dias, acho que mês passado. comecei a anotar nomes (tanto de homem quanto de mulher) numa página e, claro, encheu.

enfim,
de uma forma engraçada, consegui relaxar despejando o meu ódio. o problema é que veio à tona de novo.

ah, foda-se. é mais fácil, bem mais fácil, me baterem do que qualquer outra coisa. taí um dos motivos do porquê não entro em conflitos. sem contar que já tenho um drama estressante pra caralho na minha vida, todos os dias, com chances de ser agredida, então não preciso de mais um bostinha pra encher meu saco na escola ou também, sei lá, online kkkkkk duvido muito, mas tá.

uma coisa que me irritou hoje foi a minha mais nova psicóloga falando que o método dela é sobre lidar com comportamentos, o que até aí tudo bem, mas me veio com um papo de psicanálise, de ego, superego, id, blá-blá, essas possíveis pseudociências. isso me irrita... eu não sou a porra de um estudo de freud, foda-se esse cara. tô falando, é sempre um homem que vai, fala bosta, morre, e depois de anos e anos, consegue ter o poder de me irritar lá do inferno.
é, tá bom, ainda há consultas pra avaliar essa mulher. vou deixar que a minha sensibilidade me diga.

falando em sensibilidade, devo constar que durante esse ano — e algumas horas atrás — estive fantasiando, quase que sem querer, sobre, basicamente: tentar me matar, quase morrer, sobreviver (óbvio), ter sequelas irreversíveis que me fariam magicamente perder toda essa sensibilidade aguçada do caralho, continuar a viver com uma cicatriz no pescoço ou no pulso, seguindo com a leveza de uma pluma. leve, leve, leve... fácil de digerir, fácil de aguentar e aceitar — não aceitando. tudo estaria resolvido e bonito como nunca antes.

péssimo plano. provavelmente eu morreria. e, se caso eu sobrevivesse, ficaria pior do que antes. iria me sentir culpada, um monstro por tentar tirar a minha vida, tendo em vista que as pessoas à minha volta estão sofrendo, se não mais, e escondem isso, sei que sim. por isso nós sentimos o amargor da solidão.
nos amamos? 
poderia isso ser o amor?
todo dia uma grosseria diferente; talvez pequena, talvez grande, pois precisamos descontar sempre que caem frutos podres aos nossos pés. precisa. sofrer após refletir sobre a violência que acabou de acontecer enquanto estamos todos no carro com uma cara de merda. ah, isso quando não tem ninguém chorando.


relembro a minha infância, que até ontem estava tão perto, e é simplesmente terrível. contei nos dedos e disse: "faltam 10 anos", e agora faltam 2 anos pra acabar a escola. disse aquilo e fiquei tranquila, "ah, tanto tempo, pra que me preocupar?". certo.
não sei, pensei em umas meninas e coloquei a etiqueta de "perfeitas". pensei em mim e: "eu tinha quase tudo pra ser perfeita". será que eu tinha? estragaram tudo e agora vou precisar ser essa amargurada porque é o que temos pra hoje? o que um sexo sem proteção não faz na vida de uma criança, haha...


isso é o amor. espalhamos a infelicidade de viver em conjunto na mesma ferida e que, com a mesma maldição, aperfeiçoamos o nosso egoísmo, definimos inconscientemente o que o amor mais forte é, e me pergunto se sou só eu... sou só eu? temos nossa intimidade e, mesmo assim... mesmo assim. ficou tudo tão distorcido. não confio em ninguém, não confio nem nos meus próprios quereres, na minha sombra, no seu assobio, na minha cara pós-banho, nada, nada. estou em constante vigilância, ansiosa com cada movimento quando à mostra fico. quando só, fico ansiosa por ter pensado em cada movimento, em cada segundo dessas ações, e não ter visto uma mancha do que poderia ter sido realmente eu.


não sei se aguento mais anos.
eu repudio essas exigências, repudio as duas caras de todos, repudio o caráter que vive se contradizendo em cada dizer. me remexo toda em sonhos por conta de uma maldade passada que atinge fundo sem eu nem perceber.

como vou aguentar nos próximos anos? como vou aguentar sabendo que ao invés de morrer, escolhi o "crescer"? isso é um pesadelo, só pode ser. eu não sou vista como uma bichana, mas meus ossos doem e estralam em manifesto do crescimento — igual a de um bicho. todos tão bravos, tão zangados... jurei que pudesse ver o animal em cada um de vocês. vai ver estou errada, e que, na verdade, não existe nada, que não existo. vou precisar me conformar e aceitar, já que, qual outra alternativa me resta?


isso dói muito, muito. eu não quero me distanciar de quem fui, não quero ficar longe daquela versão pura que recebeu tanta dor recém-posta na mesa e que não pôde decifrar. agora foi, agora já foi, agora eu consigo. queria eu nunca ter que conseguir.
rá... não consigo mesmo, não chego a conclusão nenhuma. vai se amontoando idêntico ao meu pesadelo mais antigo. vem junto de uma enxaqueca, me derruba, e então sei que o que está por vir será muito pior.

todos com os seus macetes, que não deixam de ser fugas, para que possam arranjar mais desculpas e não cometer suicídio. eu sei, eu sei, falo tanto essa palavra que já me deu no saco também. mas o que que eu posso fazer se tudo leva a ela? não faz sentido.

é idiotice, a vida que levo, a vida que sofro, pois tenho a RESPONSABILIDADE de levar, que, de repente, fica fosca. ofusca os olhares, deixa tudo sem muita importância ou graça e... por quê? pra dormir, acordar, passar protetor solar na cara, bater os dedinhos na tela do celular, piscar, desviar o olhar, engolir a saliva enquanto fala, andar, sentir o pé queimar, jogar as mãos para o céu e agradecer por mais um dia?!

estou exausta.
dormir não seria a solução pra mim, já que lá na terra dos sonhos descanso não é opção.


bicho tem rabo, tem patas, anda de quatro, arranha, morde, tem presas, faz parte do triângulo, se lambe, mata, se atira à morte.

me diz qual bicho serei quando crescer, mamãe. eu preciso.

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