minha blusa é rosa também

foi adicionada a trilogia das cores na mubi (um streaming caro pra cacete, aliás), onde cada história é um infortúnio melancólico diferente, e que acabam coincidindo sem querer querendo com todos os personagens dos três filmes. é uma breve conexão, mas fica legal se você perceber.


não assisti “a fraternidade é vermelha”, talvez eu assista amanhã pra facilitar o choro que virá quando eu me decepcionar fortemente com a minha atual situação.

eu passo um tédio gigante todos os dias. um tédio que não pode nem mais ser chamado assim, porque já não tem nada a ver mais. porque você está proibido de falar “te amo” toda santa vez que for virar um corredor. porque eu acho traição a coisa mais horrorosa. a julie foi traída e só descobriu quando viu aquele seu maridinho morto e feio na tv com a amante bonitona, advogada. eu chorei por ela naquelas cenas, me coloquei no lugar dela e... baita dor!! julie ainda por cima foi tão legal com a mulherzinha vagabunda — que estava pra conceber um bebê cujo o pai estava a passar tua eternidade no inferno. enfim, foi lá e simpatizou... ai, ai. tocou uma música alta pra cacete de uma tal de “orquestra contemporânea vinda diretamente do colo do capiroto” e aí veio num fade-in a tela azul e os créditos.

nisso, pensei numa cor pra enquadrar esses pequenos momentinhos de merda que tenho enfrentado, e cheguei num novo título digno de ser parte das capirotagens coloridas:

a solidão é rosa” 🩷🩷🩷

antes eu era uma boa atriz pois não sabia direito que aquilo era atuar. e daí quando você percebe, fica muito difícil de voltar a fazer parte do que naturalmente fluía. por que nem todos podem ser atores? porque nem todos conseguem incorporar a naturalidade e a facilidade de simplesmente performar. ou talvez isso não faça nenhum sentido?

vejo todas as fotos, encontro não sei quem na rua, e me vem um revertério. meu coração já começa a acelerar num simples palpite, numa simples pergunta. será que estou sendo paga pra atuar? a minha voz falha e eu fico papagaiando na mente. “essa jossa aqui é uma bosta e eu quero parar de fazer isso agora!!!!!!!!!!!!!”, não paro, claro. por isso explodo de ansiedade, porque nunca sou eu, porque nunca sei quem eu deveria ser sem todas as personas inconvenientes.

sou um fracasso, sou um rato falho de laboratório, sou seu fio roído, sou teu cotovelo doído, que seja.

a minha solidão é rosa só por causa do post-it rosa choque/neon que coloquei na frente da lâmpada. só por causa da minha cor favorita.

Comentários

  1. Respostas
    1. adulta com ar de ninfeta, vou aproveitar a sua referência pra te mostrar o meu recém poeminha cheio de rimas:

      "o todo meu é dividido.
      meu estoque é desejado, limitado.
      o meu preço é amaldiçoado,
      e o meu bolso está furado.

      ​então, querida, a tua obrigação é mais do que regozijar
      e é menos por quando a sociedade te faz chorar.
      só que, poxa, veja bem: quero capitalizar.
      quero o teu corpo-peixe no meu mar.

      ​se deita em linha reta,
      espera esperançosamente uma resposta.
      por volta da meia-noite, se sente ferramenta
      e na rede afoga, exausta.

      ​não se acanhe e venha de encontro,
      apenas lembre-se que não tenho conhecimento.
      pois meu tato é obsoleto
      e o teu tesão é um breve evento."

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  2. Respostas
    1. diz que o seu aniversário é hoje também, porque essa pequena mentirinha faria o meu dia, sabia?

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    2. agora não sei se você tá fazendo um favor pra mim ou se é a verdade. de qualquer forma, não consigo dormir, desconhecida.

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