não vou contar
quero contar de que jeito eu deixei uma parte de mim em todas as minhas vomitadas, em carros que eu nunca compraria. e que, se eu comprasse, seria algo mais ou menos assim: sou adulta. uma adulta com uma carteira de habilitação, que deixou pra trás os vômitos de tanto que já vomitou. além de que, iria ser péssimo se eu vomitasse no volante, perdesse o controle — que não tenho — porque fiquei distraída com tanta nojeira. a minha. bateria o carro, capotaria, faria uma pirueta, talvez duas, junto da "minha" caixa gigante de metal. seria uma caixa vermelha? ou prata, chumbo? e com os caquinhos de vidro, me perfuraria. eu morreria humilhada, vomitada, esfaqueada — PERFURADA. sentiriam uma enorme pena dessa pobre jovem que se foi tão cedo, a imagem denegrida por conta do melhor jeito que o meu corpo achou de me proteger. eu morreria protegida. obrigada por sempre saber qual é o melhor pra mim. e é por isso que eu nunca compraria aquele carro, aquele outro. e também porque não tenho dinheiro. ;(
quando eu estiver comendo doce, deprimida, com uma energia estranha por causa do tanto de açúcar — conto das partes que se foram!
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