três horas da manhã
por que não fazemos aquilo que nos é proposto e sim aquilo que nos enche, que nos engasga?
refluxo
indo com o fluxo naquele meio-tempo
ainda não era nem meio-dia
mas eu me enchia de porcaria
não tenho nem ao menos uma garrafinha
será que eu deveria me mandar ter a disciplina, a dedicação certa?
a dedução?!
na medida certa — perfeita?
pra quê?
me faria de bom, daquilo que me embala sem que precise me fazer de indústria; sem que precise me fazer de lixo
aí os meus cabelos, os meus dentes, o meu rosto, as minhas pernas, os meus braços, as minhas orelhas
ainda sentiria tudo
aquela sujeira que se esconde por debaixo de toda dobradiça, de toda dobra de folha, de todo tapete, de todo elefante
a imundície que tem por dentro
como saber da sua doença, se ela é interna? se eu só a vejo se for de fora do meu coração?
posso vomitar, posso estrebuchar, posso lacrimejar, posso me contorcer, posso sangrar, posso me levantar
nesse levantar...
nesse momento - nesse puta momento de hesitação -, não vejo a hora, não vejo coração algum, não vejo doença, não vejo interno, externo
tudo que pulsa desaparece por um simples motivo
aquilo que aconteceu um dia talvez esteja me afetando até hoje
só que não sei colocar numa caixa, não sei separar
as minhas dores, são minhas filhas
os meus amores, são por um dia
e por um dia
eu seria
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