dezembro e doença
Meu nariz está escorrendo e minha garganta coça, só que não consigo alcançar.
Meus olhos lacrimejam e as lágrimas caem, mas não penso em chorar, não tenho os motivos certos pra isso, e mesmo assim meu corpo — os glóbulos oculares — se ardem e se choram.
Isso é porque estou doente? A febre virá?
Tem um nome pra isso?
Quando teu amor dá um basta e, ao invés de você chorar, e doer, e arder, teu corpo faz isso por ti?
Pra que pense e chegue à conclusão de que não tem realmente algo, um sentimento vívido e bonito pra poder sentir vontade de morrer de tanto, de tanto amar...
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Foi desde dezembro que venho insistindo.
Uma resposta a isso; uma possível resposta a isso:
Escorre, escorre, limpo. Vou limpar, sim. Minha garganta inflama, não me importo, não.
Canto, canto, rouquidão — valeu a pena, afinal? Valeu alguma coisa aquela música?
Valeu a pena gritar, e brigar, e ofender?
Eu estive num lugar que não se parece com um lugar, nem um pouco.
E os lugares que tinham alguma dignidade não me serviam. Não mesmo.
Vivo, vivo procurando, mas acho que não procuro direito, não me esforço como deveria.
Não posso reclamar, entende, mãe?
Você não pode reclamar também.
Então, por que nós... por que nós não apenas nos amamos?
Amar incondicionalmente, com certeza.
Com certeza eu teria coragem para te amar, te tornar o meu belo cativo.
Muita coragem a isso, já que somos pessoas. Podemos tudo, sério mesmo.
Podemos nos amar de qualquer forma e ser as nossas únicas formas de um verdadeiro, único amor.
Aceitar.
A família não aceita, não.
Eles abraçam a ideia de irreversível.
Quando acontece com um ser de fora, você poderia chamar de qualquer coisa.
Qualquer coisa — não de qualquer forma. Não.
Eu vejo em você a forma certa do desprezo, repulsa, de um amor nada verdadeiro.
E você — VOCÊ — não imagina o quanto isso me deixa feliz.
Estou feliz, estive muito feliz por te amar, e continuo lhe amando.
Porque, bem... não sei por que eu não faria isso.
Não me sobra nada e nenhum significado.
Sou boa pra nada.
E poderíamos nos amar mesmo assim?
Mesmo assim.
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